Em alusão ao mês dedicado à luta histórica das mulheres por direitos e condições igualitárias, o evento Mulheres nas Ciências Criminais ocorreu na Unisinos, nos dias 25 e 27 de março, nos campi Porto Alegre e São Leopoldo, respectivamente. O ciclo de palestras reuniu profissionais de destaque – e a Beta Redação conversou com duas delas para saber como foram as discussões.
Campus Porto Alegre
O primeiro dia de evento foi realizado nas salas TEDU 807 a 809, no campus Porto Alegre, e contou com a abertura da presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrimrs) e professora da Escola de Direito da Unisinos, Fernanda Osorio. Palestraram a advogada e professora Gabriela de Oliveira Jardim, que falou sobre “Corpos em Alvo e o Perigo de Ser Mulher e Não Se Calar: a violência contra mulheres no Direito e na Ciência”; a juíza Priscila Palmeiro, que abordou o tema “Encarceramento feminino”; a dirigente do Núcleo de Execução Penal da Defensoria Pública do Estado (DPE/RS), Mariana Py Muniz, que palestrou sobre “Sistema Prisional e Execução Penal na atualidade”; e a advogada e professora Helena Lahude Costa Franco, que encerrrou a noite de debates com a palestra “Avanços e Retrocessos na Legislação Protetiva da Mulher no Brasil”.
Para a advogada criminalista e doutoranda em Sociologia Gabriela Jardim, o evento foi marcante. “Saí de lá com a certeza de que estamos construindo algo muito potente. O evento foi simplesmente sensacional, um espaço de escuta, troca e reflexões fundamentais sobre a presença e atuação das mulheres no campo criminal”, afirmou. “O que mais me marcou foi ver o auditório cheio de estudantes atentos, participativos e verdadeiramente interessados nesse debate. Isso mostra o quanto é essencial ocuparmos esses espaços e construirmos uma ciência criminal mais crítica, inclusiva e comprometida com a justiça social”, complementou Gabriela em entrevista à Beta Redação.

Presidente da Abracrimrs, Fernanda Osorio foi outra palestrante contatada pela Beta Redação para fazer um balanço do evento. “Pensado como uma ação alusiva ao mês da mulher, conseguimos reunir um grupo de palestrantes mulheres com atuações de grande relevância no sistema de justiça criminal, o que permitiu uma troca intensa e significativa de saberes, experiências e reflexões críticas sobre gênero, raça e poder”, afirmou.
De acordo com Fernanda, o momento mais marcante foi o debate em torno das barreiras enfrentadas por mulheres que atuam no sistema de justiça criminal. “As convidadas compartilharam experiências que revelam os inúmeros desafios de gênero e raça presentes no cotidiano profissional, mas também trouxeram estratégias de resistência e superação. As falas ressaltaram a urgência de uma maior presença feminina especialmente de mulheres negras, nos espaços de decisão e poder, e como essa presença pode transformar as instituições e contribuir de forma efetiva para a construção de políticas públicas mais justas e inclusivas”, destacou.

Campus São Leopoldo
No dia 27 de março, foi a vez de o Auditório Mauricio Berni, no campus São Leopoldo, receber o evento com as seguintes palestras: “Os desafios da atuação feminina no Tribunal do Júri”, ministrada pela defensora pública Tatiana Kosby Boeira; “Advocacia Antidiscriminatória”, da advogada Eduarda Garcia; e a “A Mulher no desempenho de atividades de Segurança Pública”, tema que foi abordado pela advogada Fernanda Tramontin.