A Expointer, tradicional feira agropecuária realizada anualmente no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, realizou em 2024 sua 47ª edição. Este ano, o evento foi marcado pelo tema da reconstrução, devido às severas condições climáticas que o Rio Grande do Sul enfrentou em maio, com as enchentes atingindo 452 municípios dos 497 do Estado.
Mais do que uma vitrine do agronegócio gaúcho, a feira é um evento cultural e econômico. A sua edição anterior, em 2023, atraiu seu maior público, 822.340 visitantes. Em 2024, ainda sob forte impacto da enchente nos sistemas de transporte – Trensurb sem conexão com a Capital e BR-116 em obras -, o número de visitantes foi menor, cerca de 662 mil, considerado satisfatório dentro das circunstâncias.
Um dos principais atrativos que contribuem para essa participação são é a programação cultural, que inclui shows, apresentações de dança e exposições diversas. Neste ano, os palcos da Expointer receberam o festival “Sou do Sul”, com espectáculos de artistas nacionais como Luísa Sonza, Maiara & Maraísa e Fernando & Sorocaba.
Outro evento marcante da Expointer foi o show “Reconstruir”, realizado por Michel Teló, que subiu ao palco junto com o tradicional grupo gaúcho Os Serranos. O nome do evento foi escolhido de forma significativa para abordar o tema da reconstrução do Estado, e o valor das vendas dos ingressos do setor camarote foi revertido em ações de apoio às vítimas das enchentes.
Edson Dutra, diretor artístico, gaiteiro, vocalista e um dos fundadores do grupo Os Serranos, comentou sobre a oportunidade de os integrantes manifestarem seu carinho pelas pessoas presentes, oferecendo ânimo para que continuem seus trabalhos.
“O show ‘Reconstruir’ foi um misto de tudo: conscientização, descontração e prestígio ao nosso cancioneiro gaúcho”, define Edson Dutra.
Os Serranos já haviam se apresentado em outras edições da Expointer, incluindo uma gravação de DVD ao vivo em 2007. Edson conta com orgulho que o palco em que o grupo se apresentou neste ano foi uma reivindicação sua ao então Secretário Estadual da Cultura, Cézar Prates, após a gravação de 2007. “Há sempre um fluxo muito grande de público na Expointer, dada a importância das exposições. É um local que muito se presta para a divulgação da nossa música gaúcha”, conclui Edson Dutra.
Este ano, no entanto, a Expointer também marcou o retorno aos palcos de outro importante grupo tradicional gaúcho, Eliandro Luz e o grupo Oh de Casa. Eles haviam sofrido com o cancelamento de diversos shows durante as enchentes e viram a Expointer como uma vitrine importante para a carreira após os desastres ambientais. “Simboliza a retomada do nosso trabalho musical, que foi muito afetado por conta da enchente. Inclusive, no dia em que começaram os primeiros desabamentos e alagamentos, estávamos a caminho de um evento em Cruz Alta e tivemos que voltar às pressas. Então, esta participação na Expointer simboliza essa retomada aos trabalhos”, relata Eliandro.
Para o grupo, o show na Expointer foi de grande importância também por se tratar da maior feira agropecuária da América Latina, o que trouxe uma visibilidade significativa para novos públicos. Eliandro conta que nos meses de maio, junho e julho praticamente todos os shows foram cancelados. “Nós temos um grupo que soma 14 pessoas que dependem diariamente desses eventos. Então, ter nosso nome atrelado à Expointer simboliza a qualidade do nosso trabalho e a confiança e credibilidade que passamos”, finaliza o vocalista da banda.
Impulsionando o comércio
Com a presença de um público diversificado nos shows, que vai desde produtores que estão expondo seus itens até famílias em busca de lazer, os comércios de comidas e bebidas próximos ao palco se destacam durante as apresentações. Barracas de churrasquinho, cachorro-quente, crepes suíços e chopp atraem os consumidores, que impulsionam a economia da feira.
“A Expointer é um dos eventos mais importantes para nós. As vendas aqui são maiores do que em outros períodos do ano, porque o fluxo de pessoas é muito grande”, destaca Alex Ribas, um dos vendedores de chopp espalhados pela Expointer.
Alex confirma que os dias de shows nacionais são mais lucrativos, atraindo um público ainda maior. “Quando há um show nacional, vemos um aumento significativo nas vendas. Por exemplo, no primeiro final de semana da Expointer, teve show da Maiara & Maraísa, e foi o melhor dia de vendas. As pessoas chegaram mais cedo e acabam consumindo mais, o que é ótimo para nós”, detalha o comerciante.
O relato de Alex demonstra como os shows da Expointer, além de enriquecer a programação cultural, agregam valor à economia local, atraindo visitantes e incentivando o consumo de alimentos, bebidas e outros produtos expostos na feira.
No último dia da Expointer, domingo (1º/9), foi apresentado o balanço final da 47ª Expointer. O comércio geral apresentou o total de R$ 49.468.179,44 ,número bem expressivo, visto o contexto de reconstrução em que o Rio Grande do Sul vive devido as enchentes. O faturamento total da Expointer 2024, incluindo a comercialização de animais e, sobretudo, de máquinas, alcançou R$ 8.100.265.792,24, superando as cifras do ano passado e se tornando recorde de vendas de todas as edições.
Com esses números, as expectativas para futuras edições são elevadas. A Expointer continuará sendo símbolo do povo gaúcho, bem como sua colaboração ao crescimento econômico do Estado. Anote na agenda: a 48ª edição da Expointer já tem data para ocorrer, de 30 de agosto a 7 de setembro de 2025.