Evento debate a participação das mulheres na política

Mesa debatedora teve a presença de três parlamentares gaúchas que contaram suas trajetórias no poder público e os desafios que perpassam a carreira de mulheres na política

Na tarde de 20 de março,o  Auditório do AFOCEFE – Sindicato dos Analistas Tributários do Rio Grande do Sul sediou o painel “Cargos políticos: a importância e os desafios enfrentados pelas mulheres no acesso à política e aos cargos de poder”. O evento contou com a presença de três deputadas estaduais gaúchas: Bruna Rodrigues, do PcdoB; Patrícia Alba, do MDB; e Stela Farias, do PT. A Embaixadora do Brasil em Gana, Irene Vida Gala, completou a mesa de debate que foi pautada pelas vivências das presentes em suas atuações como políticas, como a falta de representatividade, a sobrecarga de tarefas e a maternidade.

Pioneirismo negro e feminino 

Bruna defendeu a importância das políticas públicas para a sua trajetória ao contar que sua mãe trabalha como gari e que sua família já enfrentou a fome de todas as formas. 

“Minha mãe sofria violência doméstica, estudou até a terceira série e criou cinco filhos com muita força. Ela me ensinou a encarar a vida com essa garra pois não é fácil ser uma mulher preta aqui no estado mais segregador do país”, disse.

Bruna Rodrigues foi a primeira deputada negra a assumir a Procuradoria da Mulher da Assembleia. Foto: Laura Santiago/ BETA REDAÇÃO 

Ela também citou a falta de espaço de mulheres na política e problematizou a subrepresentação das mesmas. “Mesmo havendo uma lei que obriga os partidos a terem uma porcentagem mínima de mulheres candidatas, elas acabam indo para pequenas secretarias que não recebem quase nada de verba. Isso não é uma mudança estrutural, é só para dizer que tem mulher lá”, afirmou.

Objetivo em comum 

Patrícia, que já atuou como advogada, relatou alguns tipos de machismo que sofreu durante sua carreira no direito e na política e ressaltou que, apesar de serem de partidos diferentes, as parlamentares têm muitos objetivos em comum, entre eles o de aumentar a participação feminina nos poderes. 

“Nós somos minoria, então precisamos nos fortalecer. Essa mesa de maioria feminina é algo muito raro no nosso dia a dia como parlamentar. Mesmo sendo mais da metade da população e do eleitorado, pouco avançamos. Então, ou a sociedade muda a lei, ou a lei muda a sociedade”, destacou.

“Nem que seja pelo politicamente correto, mas que nos respeitem.” reforçou Patrícia Alba Foto: Laura Santiago/ BETA REDAÇÃO

A deputada ressaltou a falta de equidade de gênero dentro da política. “Somos apenas 11 dos 55 deputados estaduais, temos pouquíssimas prefeitas eleitas, só tivemos uma governadora e uma presidente até hoje, então ainda estamos muito distantes do que seria o natural para a nossa sociedade”, opinou.

Emendas parlamentares como enfrentamento ao machismo

Stela Farias revelou ser contra as emendas parlamentares e destacou que usa toda a verba para políticas voltadas à mulher. 

“As emendas são um crime de lesa pátria, acho uma lástima minha bancada ter se rendido, mas então eu jogo tudo em políticas para mulher. Formação, geração de trabalho e renda, educação: é uma obsessão. A gente sabe que é isso que mexe com o ponteiro, precisamos militar sobre essas causas”, destacou.

“Temos na Câmara Federal apenas 17,7% de mulheres nos representando” salienta a parlamentar Stela Farias. Foto: Laura Santiago/ BETA REDAÇÃO 

A parlamentar criticou as fake news que se espalham pelas redes sociais e o difícil trabalho de conscientizar a população: “Enxugamos gelo diariamente pois damos uma informação e no minuto seguinte já têm alguém criminalizando aquilo que foi dito”.

Ações afirmativas para mulheres no serviço público

Irene revelou que foi a primeira presidente da Associação das Mulheres Embaixadoras do Brasil – AMDB e lembrou que a primeira mulher a fazer um concurso público no país, em 1918, foi uma diplomata.

“Nó queremos mulheres na política externa porque vamos oferecer melhores soluções para o conjunto do sistema internacional” frisou a embaixadora Irene Vida Gala Foto: Laura Santiago/ BETA REDAÇÃO 

“Nós, mulheres diplomatas, temos essa tradição no serviço público federal. Fomos também as primeiras a criar uma associação feminina de carreiras públicas. A partir da nossa iniciativa começamos a tentar incendiar o movimento feminista em outras instituições”, destacou.

A Embaixadora também ressaltou a importância de ações afirmativas para as mulheres ingressarem no serviço público. “Competência nós temos, o que não temos é poder e espaço para chegar nos lugares, então eu quero cota. Porque é ela que vai me dar o espaço que a política não me assegura”, finalizou.

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