Comércio na Orla do Guaíba tem retomada parcial após as enchentes

Foram retomados apenas os estabelecimentos da parte mais elevada nos trechos 1 e 3. Já os da parte inferior não reabrirão em 2024
Bares com marcas das enchentes de maio na Orla do Gasômetro, em Porto Alegre (RS) - JOÃO PEDRO MENDOZA DE MENEZES/BETA REDAÇÃO

A Orla do Guaíba, na região central de Porto Alegre (RS), foi completamente afetada pela enchente do mês de maio. Mesmo tendo se passado cinco meses desde que a região foi tomada pelas águas, ainda é possível observar resquícios da tragédia. O principal prejuízo está no comércio, tendo em vista uma redução expressiva na quantidade de frequentadores e também a baixa retomada de estabelecimentos.

Estamos no último trimestre do ano e até o momento são poucos os restaurantes e lojas que reabriram na Orla. Alguns ficaram ao menos 45 dias fechados, enquanto outros sequer possuem uma previsão de reabertura. Enquanto isso, a alternativa preferida dos frequentadores é comprar comida e bebida de ambulantes, já que o comércio legalizado está fazendo falta.

“Estabelecimentos da parte inferior não reabrem em 2024”

Nos trechos 1 e 3 é perceptível a diferença da região quando comparada com os meses anteriores às cheias. Na parte inferior da Orla, estão fechados todos os bares e restaurantes localizados à frente da Megapista de Skate, das quadras poliesportivas e dos playgrounds, respectivamente, o Espartano da Pista, o Sunset Poa Bistrô e outros. Esses estabelecimentos tiveram contato direto com as águas da enchente e tudo foi destruído. Não há previsão de reabertura deles para 2024.

Apesar de esses comércios da parte mais baixa estarem fechados, ainda há uma expectativa para as suas retomadas. “Os bares dessa parte inferior não reabrirão neste ano. Entretanto, os donos dos bares do trecho 3 pretendem construir novos estabelecimentos na parte mais elevada. A expectativa é de que fique pronto ainda em 2024”, afirma João Henrique Pimentel, proprietário do bar Doca Oito, na parte superior do trecho 1.

Doca 8, bar localizado na Orla do Gasômetro, em Porto Alegre (RS) – JOÃO PEDRO MENDOZA DE MENEZES/BETA REDAÇÃO

Já os comércios da parte mais elevada desses trechos foram retomados há meses. O proprietário do bar Doca Oito também relata como foi a reabertura do seu estabelecimento. “Meu comércio, por ser na parte alta, não foi prejudicado diretamente, porém a cheia afetou a água e a luz da região. Demorei 45 dias para reabrir e fiquei três meses sem luz. Precisei trabalhar apenas às tardes e também percebi uma grande redução de clientes, mas acredito ser por conta da falta de restaurantes, que acaba tornando o ponto de esporte e lazer menos atrativo.”

O responsável pela Matriz SkateShop, Bruno Simonettom, que trabalha com artigos esportivos para skatistas, não sentiu essa redução de clientes e acredita que o prejuízo está apenas no comércio de consumíveis. “Reabrimos depois da enchente e percebi que a Orla estava mais vazia. Mesmo assim, a minha loja está melhor do que nunca, talvez por ser ano de Olimpíada. Acho que o prejuízo esteja mais concentrado nos bares, devido à redução de frequentadores.”

Bruno Simonetto, responsável pela Matriz Skateshop – JOÃO PEDRO MENDOZA DE MENEZES/BETA REDAÇÃO

“O comércio está precário”

A Beta Redação conversou também com Letícia Costa, uma jovem de 20 anos que era frequentadora assídua da Orla do Guaíba durante os finais de semana. Segundo a jovem, ela sempre estava pela região, às vezes jogando futebol e outras passeando. Além disso, também tinha o hábito de comprar comida e bebida no Espartano da Pista e de ambulantes.

Desde a enchente, Letícia retornou à Orla apenas duas vezes e observou que o comércio decaiu. “Não estou mais indo tanto no Trecho 3. Há pouca gente e os bares legalizados fazem falta. Há pouco comércio, ele está precário, não há mais áreas de lazer e agora não está valendo a pena pagar os valores oferecidos pelos vendedores.” Com espaços de lazer, a jovem quer dizer cadeiras e mesas ao ar livre. Letícia também acredita que, junto a isso, a pouca quantidade de bares está afastando os antigos frequentadores e fazendo com que o pessoal seja obrigado a comprar com ambulantes.

Área interna de um dos bares que estão fechados na Orla – JOÃO PEDRO MENDOZA DE MENEZES/BETA REDAÇÃO

Conversando com o ambulante Rafael Masquierado, ele destaca que retornou à região em junho e mesmo nos finais de semana não está conseguindo vender tanto. “Voltei para cá depois que normalizou e percebi que está vindo pouca gente no parque [Orla]. Por conta dos preços, estou conseguindo mais clientes do que os bares reabertos, mas mesmo assim nem se compara aos meses antes da enchente.”

O comércio da Orla do Guaíba está passando por desafios em sua retomada. Poucos empreendedores voltaram a operar e a maioria não possuí previsão de retorno. O planejamento dos donos de bares da parte inferior, em relação à construção de novos bares na parte mais elevada, é uma ideia que pretendem levar adiante, porém até o momento não foi possível observar nenhuma movimentação a respeito. A aposta é de que a retomada completa do comércio traga de volta os frequentadores.

Giovani Baltezan

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