Mais de R$ 500 mil são destinados para ampliar atendimentos odontológicos no SUS de Porto Alegre

Mais de R$ 500 mil foram destinados via emenda pelo vereador Tiago Albrecht (NOVO) para tratamentos de canal dentário no SUS de Porto Alegre, com o objetivo de reduzir a fila de espera. A iniciativa já viabilizou 263 procedimentos em 2024 e deve garantir mais 412 em 2025, totalizando 884 atendimentos.

Motivação para o investimento

Segundo Albrecht, a decisão de investir na endodontia partiu de dois fatores centrais: a necessidade de garantir que os recursos públicos sejam bem aplicados e a alta demanda reprimida no setor.

“Foi a primeira vez na história de Porto Alegre que uma emenda parlamentar foi destinada para esse tipo de serviço. A Secretaria da Saúde, ao se deparar com essa situação nova, aceitou o desafio e realizou um chamamento público”, explicou o vereador.

Tiago Albrecht afirma que a destinação da verba irá oferecer atendimento de qualidade, equivalente ao das clínicas particulares, à população em geral. PETRA KARENINA/BETA REDAÇÃO

O parlamentar também destacou que a fila para o SUS na área odontológica é extensa e que, em alguns casos, pacientes aguardavam até oito anos para um tratamento de canal, o que pode levar a complicações graves, incluindo problemas cardíacos. O alerta sobre essa realidade veio do Conselho Regional de Odontologia (CRO/RS), que identificou a combinação de uma grande demanda e mão de obra qualificada disponível.

Fila de espera e impactos na saúde

A presidente da Comissão Parlamentar do CRO/RS, Dra. Elisa Gianlupi, reforçou a importância do investimento. Segundo ela, a fila de espera para tratamento de canal já chegou a 5 mil pessoas somente em Porto Alegre, número que caiu para 2,5 mil após a execução da primeira parte da emenda parlamentar.

Ela também explicou as consequências da demora nesse tipo de atendimento.

“Se o problema não for tratado a tempo, o paciente pode perder o dente, o que afeta a mastigação, a fala e até a autoestima. Além disso, há impactos sistêmicos. Estudos indicam que infecções dentárias não tratadas podem levar a calcificação da aorta e aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Segundo o Instituto do Coração, 36% das mortes por problemas cardíacos têm relação com infecções dentárias”, alertou a especialista.

Endodontia vai além da estética: sem tratamento adequado, a infecção pode se espalhar pelo corpo, alerta Elisa Gianluppi. PETRA KARENINA/BETA REDAÇÃO

Além das questões de saúde, a dor causada por problemas endodônticos também afeta a produtividade.

“O presenteísmo é um problema sério. Há estudos que mostram que pessoas que vão ao trabalho com dor tem o rendimento reduzido em até 30%”, acrescentou Gianluppi.

Processo de viabilização e perspectivas futuras

O secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, ressaltou que as emendas parlamentares são fundamentais para fortalecer a atenção primária e garantir um atendimento odontológico mais acessível e qualificado.

“Esses recursos possibilitam a ampliação dos serviços, a aquisição de materiais e a capacitação de profissionais. Além disso, prevenimos complicações mais graves, evitando a necessidade de procedimentos de alta complexidade no futuro”, afirmou Ritter.

Apesar do impacto positivo, tanto o vereador quanto os especialistas reconhecem que o valor investido ainda não é suficiente para eliminar completamente a fila de espera. No entanto, o município estuda novas estratégias para ampliar o atendimento, como o credenciamento de clínicas privadas e a habilitação de Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) em universidades, como a Uniritter e a PUCRS.

Atualmente, Porto Alegre tem mais de 15 mil solicitações de consultas odontológicas pendentes no SUS. A expectativa é que, com novos investimentos, essa fila continue diminuindo nos próximos anos.

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