Porto Alegre recebeu o título de Cidade das Árvores, um reconhecimento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e da Fundação Dia da Árvore. Para ser qualificada como tal, a cidade precisa cumprir cinco requisitos: estabelecer responsabilidade por parte do município, ter leis e políticas públicas de gestão arbórea, realizar inventário, alocar recursos e conscientizar os moradores da importância das árvores por meio de atividades ambientais. Esta certificação é concedida anualmente, sempre em relação ao ano anterior; ou seja, equivale ao ano de 2024.
Verônica Riffel, coordenadora de Arborização Urbana da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (SMAMUS), destacou a importância de receber esse reconhecimento. “Estudando esse selo, nós vimos que ele é a referência no mundo todo. É muito importante para a população ver o que estamos fazendo e retomar essa posição de destaque em relação à arborização.” Verônica foi a responsável pelo processo de pleitear a certificação da cidade.
Também salientou que, em meio às críticas que a cidade vem sofrendo, a SMAMUS possui planos para compensação das árvores suprimidas em Porto Alegre. “Hoje temos a Lei 757, que prevê que o empreendedor pode suprimir árvores, desde que compense no empreendimento ou em pecúnia”, acrescentou. “No Parque Harmonia, por exemplo, se suprimiu cerca de 100 árvores, mas já foram plantadas 300 e serão plantadas mais 100.”
Apesar de a prefeitura comemorar este reconhecimento, grupos de conservação do meio ambiente criticaram a decisão. O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Heverton Lacerda, classificou esse reconhecimento como um desrespeito. “O prêmio não representa a realidade de Porto Alegre e é lamentável que a entidade não tenha feito a pesquisa adequada para conhecer essa realidade. Para nós, desmoraliza a entidade e desqualifica o prêmio.” Para justificar a crítica, Heverton adicionou: “Se a entidade concedeu o prêmio só através dos relatos da prefeitura, faltou precaução, e é apenas uma propaganda política. A prefeitura certamente não é merecedora”.

Dentre os principais problemas que foram destacados por Heverton, ele mencionou: “Árvores são mal podadas, o que as enfraquecem”. Em especial, “o replantio já foi provado, e nos últimos anos foram cortadas e suprimidas muito mais árvores do que foram plantadas”. Segundo dados do site Matinal, via lei de acesso à informação, entre 2023 e 2024, 12.038 árvores foram derrubadas em razão de construções e apenas 6.205 mudas foram plantadas como compensação.
Em setembro, Porto Alegre deverá, mais uma vez, pleitear o reconhecimento como Cidade das Árvores, algo para o qual a prefeitura já está se preparando, de acordo com Verônica Riffel. É previsto que, ainda este ano, seja disponibilizado um inventário de todas as árvores da capital. Essa é uma das entregas da SMAMUS e um requisito para manter a certificação de Cidade das Árvores.
