A São Leopoldo Fest é o evento que comemora o aniversário da cidade e a chegada dos primeiros imigrantes alemães no Brasil, em 1824. O festival é importante para a economia local, visibilidade de artistas da região e incentivo cultural. Para isso acontecer, parceria pública e privada, através de concessão entre prefeitura e produtora, realiza a festividade sem empenho financeiro de recursos públicos. Este ano, devido às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, a festa, que antes era realizada em julho, será do dia 1º a 10 de novembro, no Ginásio Municipal Celso Morbach, na Avenida Dom João Becker, nº 313.
Há cinco anos, a produtora de São Leopoldo S3 foi a vencedora da licitação pública e se tornou responsável por toda a captação, produção, organização cultural e financeira do evento. Por outro lado, a prefeitura da cidade recebe uma contrapartida, de acordo com o secretário de Cultura e Relações Internacionais (Secult), Marcel Frison, de R$ 50 mil, e investe o valor em horas extras para funcionários públicos que atuam e auxiliam na produção do evento. Além disso, o Município cede espaços e serviços públicos, como o Ginásio Municipal, onde tradicionalmente ocorre a festa, faz a escolha de artistas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico (Sedettec) e a segurança externa com a Guarda Civil Municipal (GCM). “A ideia não é tirar dinheiro da produtora ou se beneficiar financeiramente com a festa. A ideia é que não se tenha gastos de recursos públicos e que ela aconteça a partir da ação da empresa”, afirma o secretário.
A festa de 2024 vai girar em torno de R$ 2,5 milhões e contará com atrações nacionais, como Lexa, Pedro Sampaio, Fernando e Sorocaba, Dilsinho, Zé Felipe, Armandinho, entre outros. Assim como os lucros, os riscos também são da produtora que faz o evento. “Temos que juntar a cultura com a questão financeira. Na parte financeira, hoje, o que nos traz lucro são os grandes shows e grandes nomes. Nós temos que fazer um casamento entre essas apresentações nacionais com a cultura germânica e capilé [apelido de quem é natural de São Leopoldo]”, diz o sócio-proprietário da produtora S3, Alessandro Almeida, conhecido como Polaco, que ressalta que essa não é a única preocupação da empresa. “Desde que a gente assumiu a frente da São Leopoldo Fest, nossa ideia é sempre subir a régua. A cada ano deixar o evento maior, mais forte, mais próximo da comunidade e a cada ano mais cultural. É uma tarefa difícil, pois são vários tipos de públicos”, conclui Polaco.
De acordo com o edital da concessão, o valor máximo do ingresso é de R$ 40, e a produtora, responsável também pela venda de ingressos, trabalha dentro dessa margem. “Queremos fazer uma festa acessível ao público, não adianta colocar o ingresso com valor gigantesco se não vai ter público. Portanto, tem que fazer uma balança financeira que se pague e que tenha adesão das pessoas. A gente quer que a festa seja querida pela cidade, mas sem ter um peso muito grande no bolso da família”, salienta o sócio-proprietário da S3.
Marcel Frison diz que a produtora precisa investir em torno de R$ 130 mil em artistas locais, escolhidos pela Secult e pagos pela S3. A ideia é que esses artistas sejam beneficiados com espaços para apresentações musicais, exposições artísticas e culturais. “É importante para a carreira deles, pois o festival tem um grande público. O músico que se apresentar tem um grande ganho, não financeiro, mas sim na visibilidade, e isso vai refletir depois em outras apresentações que o grupo ou artista irá fazer futuramente”, reflete o secretário.
DJ há 10 anos e natural de Novo Hamburgo, Cassinho se apresentou nas duas últimas edições do evento, e neste ano abrirá o show nacional de Pedro Sampaio, dia 2 de novembro. “Desde a minha primeira apresentação foi uma experiência única. Consegui fazer uma performance mais profissional e o público me ver de outra forma, além de abrir portas para shows, contratos e network com outros artistas”, afirma o DJ, que também comenta sobre o cachê recebido. “É um valor justo, mas a gente sempre quer mostrar algo a mais e acabamos gastando mais do que ganhando. Eu sempre falo, a São Leopoldo Fest não é um show para ganhar dinheiro, mas sim para ganhar visibilidade.”
“A São Leopoldo Fest é uma engrenagem que precisa acontecer, pois economicamente ela é muito importante para o município”, reflete Polaco. Além da importância para o desenvolvimento e fomento do setor cultural, o festival também movimenta a economia de bares e restaurantes próximos, os hotéis e pousadas ficam cheios e são gerados de 1,5 mil a 2 mil empregos. “As pessoas que vêm de fora acabam consumindo mais do que a São Leopoldo Fest, também vão em bares e restaurantes da cidade, atraídos pelos shows nacionais, que transcendem apenas o público local”, observa Marcel Frison.
Neste ano, havia a promessa de ser a maior edição da história da São Leopoldo Fest, em comemoração ao bicentenário da cidade. Seriam 16 dias de festa e 11 shows nacionais, mas a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio freou a ideia e deu um novo tema ao festival: “Bicentenário – superamos desafios rumo ao futuro”. O evento aconteceria em julho, mas foi adiado para novembro. “A gente já estava com o festival de 200 anos pronto, já tínhamos feito o lançamento e na quinta-feira que o rio começou a subir nós iríamos anunciar a grade de apresentações”, relembra Polaco. A produtora S3 precisou se reinventar com o abalo que toda a área de eventos e os artistas locais sofreram. Após o desastre climático, a São Leopoldo Fest de 2024 será realizada em novembro, e Polaco afirma que a ideia de continuar subindo a régua a cada edição continua: “Não vai ser a maior de todas, mas também não será a menor.”